domingo, 6 de janeiro de 2008

Xangô



Dia da semana: Quarta-feiraCores: Vermelho e BrancooSaudação: Kawó Kabiesilé!Elementos: Fogo, Formações RochosasDomínio: Poder Estatal, Justiça, Questões JurídicasInstrumento: Oxé (Machados Duplos), Xerê
Nem seria preciso falar do poder de Xangô, porque o poder é a sua síntese. Xangô nasce do poder e morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda no seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os Orixás, nenhum possui mais axé que outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o Orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um Orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem os seus devotos.
Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, é-lhe devido por se ter tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos Iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô foi o grande alafim de Òyó porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo todos, especialmente com o seu sentido de justiça muito apurado. No caso de Xangô, a sua rectidão e honestidade superam o seu carácter arbitrário; as suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado.Xangô expressa a autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo.
O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. Xangô sempre foi um homem bonito e extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’ senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de flirt de Xangô?
Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi a sua primeira esposa e a única que o acompanhou na sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.Oxum foi a segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou. A terceira esposa de Xangô foi Oba, que o amou e não foi amada. Oba abdicou da sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu próprio corpo por amor o seu rei. Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.
Características dos filhos de Xangô
É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas pela sua estrutura física, pois o seu corpo é sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado.Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem a sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. A sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Andam sempre acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas.
Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é por acaso que Xangô dança Alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são os grandes objectos da sua vaidade.
São amantes vigorosos, uma só pessoa não satisfaz um filho de Xangô. Um filho de Xangô está sempre cercado de muitas mulheres, sejam suas amantes ou suas auxiliares, mas a tendência é de que aqueles que decidem ao seu lado sejam sempre homens.
Os filhos de Xangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecidos, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.

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